Há tempestades silenciosas no interno dos seres, são manifestações
também da mãe natureza.
Por vezes leva-nos, já descalços sentindo o
molhado do chão onde a água reina em poças, umas cristalinas, outras
mais turvas, onde minúsculas gotas se juntam e teimam não desistir.
Por
vezes um trovão ou relâmpago faz-se anunciar, para que o respeitemos,
ele vem como uma força energética centrifuga que domina, em som e
presença.
Depois vem sol, para anunciar que não há tempestade que dure
eternamente, como não há sol que permaneça estático em si eternamente .
Na
realidade é que assim deve permanecer o ser, não pode impedir a
tempestade, nem tampouco o sol, mas pode impedir a sua reacção, a sua
manifestação, a sua contemplação, ou o seu naufrágio por vezes.
Não pode impedir-se de sucumbir à beleza e magnificência de um relâmpago, ou o feio de um olhar de rejeição de quem ama.
Pode
mergulhar dentro de si e criar novas amizades, novos amores consigo
mesmo, mas já não é mais o mesmo, como a criança que foi enganada pelo
ardiloso adulto, que anseia pela sua inocência, em "ter" e não "ser".
Tudo
isto é real, é vivido por cada ser ainda por todo o mundo, e eu escuto
palavras caras, difíceis para mostrar a sua cultura, quando já o
demonstram não ser quando o fazem.
Opto pelo
silêncio, não quero falar, não sinto necessidade alguma de me
manifestar para aquele, que ainda pensa que pode prever ou parar a
tempestade.
Para aquele, que não compreende palavras simples
fáceis e busca o conhecimento dos outros, sem se conhecer a si mesmo.
Tudo isto ainda é real, e está na hora mesmo de esvaziar as chávenas
para que a nossa Mestria se manifeste, numa tempestade numa tarde de
verão, onde raiou o sol e uma luz que penetrou por entre emoções
cristalizadas, verdades tornadas mentiras, mentiras vividas como
verdades.
Ilusões e realidades de uns e outros, a verdade é que ninguém as deseja mais, a verdade é que cada um nada mais deseja senão amar e ser amado!
Será
que; para além de tudo isto que não provem do divino, que existe um
Deus que escolhia, quem podia amar e quem não, quem devia ter e não?
Pois
são meros relâmpagos, raios de um sol interno, afagos de o ser maior de
mim mesmo para me dizer que ainda assim haverá mais, muito mais para
além daquilo que se é e não é!
E entre o peregrino e o mago, uma estrela brilhou, acordou para não mais adormecer.
Dentro do âmago do teu ser existe o que mais divino podes ser, não o ter, pois enquanto pensas ter, nunca serás na verdade o que és.
Não
há passado ou presente mais importante do que aquele que amas e que
és amado, aquele que não permites que o ladrão que vive no interno de
cada um, teime em roubar-se a si mesmo.
Aquele que tens
de orar e vigiar a toda a hora, pois ele é a ponte que te leva à
criança, que te tira das mãos do ardiloso, que te relembra e devolve a
inocência pura do ser...
De simplesmente ser criança, e que brinca com a tempestade!
Foi apenas uma tarde, contemplando a tempestade que decorria enquanto eu a amava no retorno ao meu ser!
Foi apenas uma tarde de puro amor e contemplação ao estado de nudez da natureza do ser
Muita Paz!
Eugénia De Almeida
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